terça-feira, maio 27, 2008
segunda-feira, maio 26, 2008
Apenas uma partilha
Uma Triste e Frustrante Realidade
Vou tentar não escrever a coisa mais triste que alguma vez escrevi. Pela triste razão que triste me encontro. Triste como não gosto de estar, triste como tenho tanto medo de ficar, triste como infelizmente estou. Estou triste pela irracional razão do coração que nos prega tantas partidas. Partidas que nos roubam tudo o que temos restando apenas meras memórias, que ferem em grande gravidade. Aquela fase em que não há nada que nos faça sorrir como nos momentos em que estamos bem, em que nenhuma palavra de incentivo é mais que um curto balão de oxigénio para aguentarmos as próximas horas. Não é suficiente, não chega. Torna-se claro qual é o meu sonho neste momento, o que eu mais desejo, sem falsas forças ou orgulhos. Como é óbvio sonho em ter o que tinha de volta, mais do que tudo, como se a minha vida quase dependesse disso. A dor que tudo isto causa torna-me uma pessoa estranha, sem sentido de orientação regular. Um dia sou forte e afasto-me de tudo, num outro sou uma pessoa rancorosa com muitos fantasmas para exorcizar. Tem dias que caio completamente na fraqueza das saudades e me deixo cair no chão. E há dias como o que vivo neste momento, em que me resigno à tristeza sabendo que nada vai melhorar, faça o que fizer. Faça o que fizer, que seria tudo, mas tudo não será suficiente para voltar a ter o que tinha, o que me fazia feliz, realizado… Lembro-me de um texto fantástico ao qual só dei atenção muito depois de conhecer.. Quero desnascer, assim como nesse texto.. Neste momento sinto a minha alma completamente contagiada pelo negrume de tudo o que é estado de espírito. Está ferida de morte, e não sei como recuperá-la.
Qual é o significado da palavra triste? Como se pode definir algo como triste, ou como a tristeza? Como explicar porque isto acontece? Não consigo, aliás neste momento nem dormir consigo. Aproxima-se algo do qual eu tenho medo de encarar. Sim, medo de ver o que não quero ver, do que estou a pressentir, e do qual não me consigo escapar. Tenho medo de a ver e de perceber que é algo garantido, que não haverá remedio para solucionar tudo isto, e que apenas eu serei parte preocupada neste assunto. Será medo a tristeza? Não saberei ao certo mas no meu caso faz parte da ementa, está por lá misturado como vários ovos num bolo. Quero desaparecer, sim, gostava de poder recomeçar de novo bem longe daqui. Sinto-me fraco, não me consigo controlar, quero chorar… Não consigo, não consigo.. Quero dormir, e amanhã saberei que estarei a ser acordado mais cedo que o previsto, saberei que terei um dia de descanso estragado e que mais uma vez vou fracassar numa tentativa de estudo. Saberei como sei agora que vou dar mais uma parte fraca de mim nesta história toda, e que vou acabar o dia enfiado na melancolia que agora sempre me acompanha. Saberei, como sei agora, que tudo isto não faz sentido, que tanto sofrimento não tem razão para existir. Não fiz tanto mal no mundo para receber este pagamento. Tento ser a melhor pessoa possivel.. Tento ser alguém moderadamente bom, com bom intimo, e tudo o que se pede de uma pessoa de bem. Acabo por não receber o que espero e fico com aquela sensação de injustiça a percorrer-me o corpo, mesmo sabendo que nunca nada peço.
Um dia todas as pessoas que se preocupam comigo vão-se desiludir. Vão perceber que por trás de tudo isto se esconde um ser paranóico, com uma enorme necessidade de ver o ego a ser alimentado, e que gosta de receber na mesma quantidade que dá: quantidade industrial. Irão ver alguém extremamente estranho com graves problemas de auto-estima. Irão ver alguém que os fará esquecer que tem qualidades. Esse alguém serei eu, esse alguém sou eu, alguém completamente viciado em atenção. Por aqui está alguém a sofrer, e a desejar receber um utópico sinal, que nunca irá aparecer. Custa muito levantar a cabeça, não é nada boa mais esta fase pela qual passo… Infelizmente tudo o que de mal se passa acaba por ser previsto momentos antes, mas sem nada poder fazer para o evitar. É uma triste e frustrante realidade…
Março 2007