Peguei num caderno e pus-me a escrever. Escrevi muita coisa que tinha em atraso. Que deveria ter escrito na altura certa, com o sentimento certo, para que a autenticidade não se perdesse. Escrevi bastante, mas muito influenciado pelo que senti na altura, pelo que sinto agora. Passei muito tempo a querer escrever aqui muitas coisas boas e más que me aconteceram. Não o fiz, por motivos que poderei ou nem poderei sequer saber. Não o fiz.
Nestes meses de inércia escrita, criativa, passei muitas fases, muitas etapas que poucos acompanharam de verdade. Mesmo por vezes a necessidade de falar e desabafar possa parecer que me exponho demasiado, tal não é exactamente o que acaba por acontecer. Acabo por desabafar o que acho que posso, por vezes acertadamente, mas também em outras situações completamente desnecessário. Medo de desapontar, vergonha, altruísmo... Já me passaram tantas expressões pela cabeça e nunca nenhuma me soou definitiva, totalmente lógica. Pura e simplesmente aconteceu.
Por agora vejo-me numa madrugada quente de segunda feira a tentar regressar a esta janela que tanto me deu, a este espaço onde já escrevi tanto do que se passava comigo e que há tanto tempo que não conseguia partilhar o que quer que fosse. Durante este tempo amei em silêncio, sofri em silêncio, estive no topo e no fundo do poço, tudo em silêncio. Silêncio de escrita, para ser mais específico. Espero que tal silêncio não se prolongue, e que possa partilhar mais do que aconteceu, e do que acontecerá.
Esta minha janela já leva dez anos, mas não a quero abandonar tão cedo, não a quero deixar no silêncio. Pelo menos por hoje não a vou deixar.
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