Corre a uma velocidade enorme, como se de um raio se tratasse. Milhões de pensamentos percorrem aquela mente, já descontrolada de tantas voltas dadas durante anos a fio, tentando manter uma aparência de sanidade cada vez mais distante. Ter sempre explicações para vários factos, tentar esconder várias evidências com outras justificações mirabolantes tornaram o acto de mentir num acto inato, numa constante diária, do quotidiano. Por vezes tão inata que ele próprio acredita no que diz. Chegado a um ponto em que as forças começam a faltar, o comboio descarrila. Perde-se totalmente o controle e a ordem com que se planeou tudo. A uma mesma pessoa é contada a versão verdadeira e tempos depois a versão modificada. Uma teia de conclusões é tecida à sua volta, e o cerco começa a apertar. Outrora uma mudança dos braços direitos, das pessoas de confiança, numa reciclagem de amizades resultaria com eficácia, não ficariam expostas de umas pessoas para as outras. Mas cada vez mais se aperta e a escapatória é mais complicada e o momento de encarar toda a verdade aproxima-se com uma velocidade que vai aumentando exponencialmente, sem que seja feito qualquer tipo de preparação. A fuga é mais complicada porque ela tem a perna pequena e para um coxo, correr é bem mais complicado do que andar.
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