quarta-feira, dezembro 02, 2015

Estou a ser afectado por realidades paralelas que me surgem diariamente em sonhos, enquanto durmo. Situações de um mundo diferente, mais perfeito, mais positivo, mais feliz. Acordo e, lá está o cliché, tudo não passou de um sonho. Seguem-se minutos de severa frustração, indignação, aquela sensação de que "simplesmente não é justo".
Justo ou não é o que é. O que existe, o que lá está. E encarar a realidade tinha sido um desafio bem complicado de resolver em tempos bastante passados, e que eu pensava ter conseguido relativizar e ultrapassar. Falhei nessa análise, fragilizei o meu estado de espírito e voltei a ligar-me demasiado a uma esperança de que "é desta". De tão bom que era criou-se um medo de perder o que havia e tudo isso se estragou. Não me mantive num equilíbrio de forças de auto estima e confiança e deixei-me cair de novo num vazio de reacção, criei um afastamento em relação ao amor próprio, tornei-me de novo no meu principal inimigo. E isso teve repercussões, fortíssimas repercussões. O estado de latência e tristeza no qual caí acabou por me destruir por dentro e começou mesmo a destruir-me por fora.
Mas, apesar de tudo, soube impedir males maiores. Mas o problema não saiu de lá. A negação não saiu de lá. Ainda mora lá dentro a mistura explosiva e perigosa desses condimentos todos, essa cegueira provocada pela esperança que tolda o pragmatismo. Raptou a assertividade.
A coisa não está dramática, no entanto. Está apenas num plano real. Que me faz sofrer. Mas menos, muito menos, sem qualquer comparação possível, com tempos passados. Não mata mas mói. Mas o que arde cura. 

Vou dormir que isto já são clichés a mais.

domingo, novembro 29, 2015

Sim



Sunrise doesn't last all morning,
A cloudburst doesn't last all day
Seems my love is up
And has left you with no warning
But it's not always going
To be this grey

All things must pass,
All things must pass away

Sunset doesn't last all evening,
A mind can blow those clouds away
After all this my love is up
And must be leaving
It's not always going
To be this grey

All things must pass,
All things must pass away

All things must pass
None of life's strings can last
So I must be on my way
And face another day

Now the darkness only stays at nighttime,
In the morning it will fade away
Daylight is good
At arriving at the right time
It's not always
Going to be this grey

All things must pass,
All things must pass away
All things must pass,
All things must pass away

sexta-feira, novembro 20, 2015

Levei a minha mente a dar um passeio

Levei a minha mente a dar um passeio por entre corredores de compras totalmente vazios, bem por entre a contenção pré-Natalícia. Fui flutuando um pouco acima do residual número de pessoas que percorrem estes espaços, desprovidos de almas e cheios de bossa nova nas colunas. Pessoas que caminham sem objectivos nenhuns por entre montras e oportunidades de negócio, vagueiam para passar um tempo que não precisam fazer passar. Vagueiam porque sim, mas sempre com a questão do tempo, ou da falta dele... Pelo caminho adormeci e deixei-me levar num estado flutuante de apatia, cada vez mais apertado pelo espaço cada vez mais vazio. E ainda por cima está frio. Volto a mim e a tentar empurrar o tempo para a frente, para que 60 minutos demorem menos do que sempre demoraram, e para que possa levar a mente a viajar, mas lá para fora.

segunda-feira, novembro 09, 2015

Sim, Alberto, é precisamente isto.


Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

10-7-1930, “O Pastor Amoroso”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.

segunda-feira, novembro 02, 2015

Círculos


É meio perdido que me encontro numa movimentação circular, cíclica. Muitas vontades esbarram sempre na chegada ao ponto inicial, como se estivesse preso num labirinto mal feito em que a saída se encontra fora do próprio caminho. Logo então, depois de ultrapassada a frustração, sigo em frente, percorro, caminho com um ânimo crescente, mas, logo depois, acabo por me aperceber que não caminhei nada e que acabei por chegar ao local onde precisamente tinha começado a caminhada.
É duro alcançar a libertação destes círculos. É duro passar das vontades à realidade, fugir desse local paralelo onde me encontro, cheio de expectativa e consequente desilusão. A cabeça não larga o cansaço, o corpo não obedece, o espírito não sara. Há uma espécie qualquer de nó tão bem atado que quase que provoca um síndrome estúpido de Estocolmo. Tudo isto faz-me andar em círculos cíclicos de coisas incompletas, de bloqueios de todos os níveis, de micro tristezas associadas a tudo.
A tudo o que desejava fazer, a tudo o que tento fazer e não completo, a tudo o que tenho e perco. Numa perfeita apatia resolvo mudar, mas essa mudança só acontece no local mais criativo de todos: em sonhos. E a pior parte é que nunca me lembro na perfeição deles, fico sempre pela metade. E invariavelmente volto ao início do caminho. Vezes sem conta.

terça-feira, outubro 20, 2015

Estou sem palavras nas minhas mãos. Estou tornado numa sequência de tardes vazias de movimento, sem qualquer esboço de reacção.

terça-feira, agosto 04, 2015

Dói-me a cabeça de tanta tempestade. Dói-me a cabeça de não descansar. Dói-me a cabeça de até a dormir me cansar. Tantos sonhos, pesadelos, imagens mirabolantes do passado, presente e de um inexistente futuro enchem-me de dores. Enchem-me de ansiedades, logo ao acordar. Há uma carga que não consigo controlar.

domingo, julho 12, 2015

Até um dia




How many times
How many times have I sat right here and seen that skyline at twilight
And told myself I'm gonna be alright

But at the last light after saying goodbye
You can't rest at night inside your head
Yeah at that last light after sayin'goodbye
It's such a sad sight cause of what we said
(Ahh, oh)

Now just how
How many times
How many times have I sat right here
And again that skyline
And again that twilight
And again tell myself i'm gonna be alright

But at that last light after saying goodbye
You can't rest at night inside your head
yeah at that last light after sayin' goodbye
It's such a sad sight cause of what we said
(Ahh)

Goodbye, Goodbye, Goodbye, Goodbye
Goodbye, Goodbye, Goodbye, Goodbye
Goodbye, Goodbye, Goodbye, Goodbye

quarta-feira, junho 24, 2015

Vi-te

O meu ritmo disparou assim que te vi. E nem sequer te vi pessoalmente, vi-te numa fotografia. E lá estavas, com a tua mais bonita expressão, feliz. Com um sorriso que me desarma tão facilmente como dar dois passos seguidos. Que vontade tão grande de te abraçar, de te encher de palavras que estão aqui dentro presas... Do que sinto, do que imaginaria para ti junto de mim, de escrever tantas páginas, de tantas histórias que nem um livro era suficiente. Sinto falta de tudo o que significaste e ainda significas para mim, dos dias maravilhosos passados a teu lado, de bloquear apenas a olhar para ti... Tanta coisa, tanta coisa... Tanto que aqui dentro bate, tão depressa que fica o meu ritmo cardíaco. Não te queria largar nunca mais, mas agora tenho de o fazer, tenho de aceitar e de me conformar com esta derrota. Talvez um dia possa estar em condições de lutar para te ter de novo bem juntinho a um dos meus ombros. Mas, por agora, não posso aspirar a nada mais do que essa imagem numa nostálgica imaginação.

segunda-feira, junho 22, 2015

My screws

Peguei num caderno e pus-me a escrever. Escrevi muita coisa que tinha em atraso. Que deveria ter escrito na altura certa, com o sentimento certo, para que a autenticidade não se perdesse. Escrevi bastante, mas muito influenciado pelo que senti na altura, pelo que sinto agora. Passei muito tempo a querer escrever aqui muitas coisas boas e más que me aconteceram. Não o fiz, por motivos que poderei ou nem poderei sequer saber. Não o fiz.

Nestes meses de inércia escrita, criativa, passei muitas fases, muitas etapas que poucos acompanharam de verdade. Mesmo por vezes a necessidade de falar e desabafar possa parecer que me exponho demasiado, tal não é exactamente o que acaba por acontecer. Acabo por desabafar o que acho que posso, por vezes acertadamente, mas também em outras situações completamente desnecessário. Medo de desapontar, vergonha, altruísmo... Já me passaram tantas expressões pela cabeça e nunca nenhuma me soou definitiva, totalmente lógica. Pura e simplesmente aconteceu.

Por agora vejo-me numa madrugada quente de segunda feira a tentar regressar a esta janela que tanto me deu, a este espaço onde já escrevi tanto do que se passava comigo e que há tanto tempo que não conseguia partilhar o que quer que fosse. Durante este tempo amei em silêncio, sofri em silêncio, estive no topo e no fundo do poço, tudo em silêncio. Silêncio de escrita, para ser mais específico. Espero que tal silêncio não se prolongue, e que possa partilhar mais do que aconteceu, e do que acontecerá.
Esta minha janela já leva dez anos, mas não a quero abandonar tão cedo, não a quero deixar no silêncio. Pelo menos por hoje não a vou deixar.