Alguém despejou um balde de perfume de terra molhada nas ruas. Uma essência de pós-tempestade que nos faz parar o tempo e contemplar esse aroma tão consensual. Bloqueei junto à minha janela com esse cheiro da terra molhada e de repente o céu não estava cinzento. Estava negro. Tinha anoitecido. E o cheiro a terra molhada ainda perdurava. Continuava por ali bloqueado mas completamente consciente da vontade que tinha de lá estar. Tudo para aquele momento em que uma luz se acenderia e eu saberia quem estaria ali, a uns cem metros visíveis de mim. Tudo para que naquele momento pudesse tornar real um fio que ligasse as duas janelas e me pudesse transportar até lá. Chegar através da janela e estar debaixo dessa mesma luz que tinha visto acender-se. E ficar, pura e simplesmente ficar...
4 comentários:
Descobri por acaso esta leitura.
Por alguns momentos, eu também bloqueei e imaginei a mim própria numa janela igual, envolta no cheiro a terra molhada. Tomara que a luz imaginada se acenda e ilumine um fio que ligará as duas janelas.
Gostei da tranquilidade e do cheiro das palavras.
Boas escritas!
Tomo como um grande elogio!
Esta janela está sempre aberta para as visitas.
Obrigado!
Olá. Tudo blz? Estive por aqui. Interessante. Bom texto. Apareça por lá. Abraços.
Olá. Adorei seu texto. Às vezes isso acontece comigo, eu sinto o cheiro da terra molhada e isso me leva de volta a minha infância, quando eu corria na chuva e esse cheiro me envolvia. Seu texto é profundo e nos leva para um outro mundo, um outro momento, para uma lembrança que nos trás alegrias. Muito bom. Abraços, apareça por lá.
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